Carta ao Desamor VII

quinta-feira, 1 de setembro de 2011






Não querendo desmerecer a paixão, nem muito menos rir da sua cara ao olhar pra trás, talvez seja mais plausível rir de mim mesma.
Talvez um dia você consiga enxergar com clareza as coisas que seu ego e falta de auto estima tornam turvas.
Talvez você cresça e amadureça naturalmente, ou mais provavelmente precise levar alguns grandes tropeços na vida.
Independente de qualquer coisa, te escrevo esta carta, a ultima delas, para te agradecer por muitas coisas.
Primeiro, obrigada por me provar que eu ainda possuo sentimentos, você conseguiu despertar vários deles, do amor ao desprezo.
Segundo, obrigada por ter me transformado em outra pessoa, humilhada, fraca e sem amor próprio, me olhar no espelho dessa forma foi tão doloroso que deixar você pra traz facilitou bastante.
Terceiro, obrigada pelas palavras ácidas, gratuitas e cruéis, espero que nunca mais você precise usá-las com alguém, seu ego já foi massageado deveras.
Quarto, obrigada pelos bons momentos, por dois motivos: fizeram-me muito bem por alguns minutos e me fizeram perceber que interesse e falsidade podem sim partir de pessoas que gostamos e admiramos.
Quinto, obrigada pelos seus conceitos deturpados sobre mim, talvez você tenha conhecido a personalidade fraca que eu acabei sendo por você, pelo vicio masoquista que foi estar com você, tens razão, essa pessoa é desprezível e eu nunca mais quero sê-la.
Desculpe por ter amado demais, por ter me preocupado com você, por ter me dedicado tanto, por ter admirado tanto e colocado você num pedestal.
Desculpe por tentar cuidar de você, aconselhar você, tentar enxergar você, desculpe se eu achei que você poderia se preocupar com meus problemas, se eu pedi atenção demais, se eu perturbei a sua vidinha perfeita e cheia de paz.
Desculpe por achar que você precisava ou gostava de ter alguém na sua vida que te amasse e desejasse incondicionalmente, não percebi que você é perfeito e não precisa de ninguém.
Para terminar, porque você não merece nem minha câimbra no pulso por escrever demais, te desejo o melhor que essa vida tenha a oferecer, pois mesmo que por pouco tempo dentro das suas paredes de hipocrisia, mediocridade e falsas aparências, eu pude ver que ali bem no fundo ainda existe um ser humano de bom caráter.
Não conheço o destinatário dessa carta, talvez nem o remetente. Às vezes o que se vê é o que queremos enxergar, e agora não vejo mais nada. A ironia de dois amantes que se tornaram desconhecidos.






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Beijos e Boa Leitura.







Veja Também:




Carta ao Desamor


Carta ao Desamor II


Carta ao Desamor III


Carta ao Desamor IV


Carta ao Desamor V


Carta ao Desamor VI


Para mim, por mim, comigo.

domingo, 24 de julho de 2011



Há muito tempo eu não escrevia textos pessoais e em primeira pessoa, pra quem não sabe eu não andava muito bem há um bom tempo e quem convive mais de perto percebia de longe tudo isso.
Esse final de semana eu fugi pra praia, pra minha casa de praia, sozinha, dirigi por quase uma hora com uma vontade imensa de dar um tiro na cabeça, tava tudo errado, tudo bagunçado, tudo misturado. Não que o caos não me atraia, desde que haja crescimento através dele, e houve.
Descobri que para mim o tempo não é o melhor remédio, é o silencio, a solidão de vontade própria, o refugio, passei muitas horas sozinha, sem falar uma palavra sequer, de frente pro mar, sem ninguém por perto, absolutamente sozinha. Meus pensamentos começaram a se organizar, não existia nada que me desconcentrasse de mim mesma.
Comi comida da vovó até explodir, curti o banzo numa rede, terminei de ler um livro, comecei outro, tudo em silencio, é incrível como os pensamentos se ordenam quando você se concentra neles.
Conheci pessoas fantásticas, conheci o menino mais engraçado do mundo e ele se tornou meu melhor amigo de infância em 15 minutos, empatia é uma coisa forte. Ri horrores com minha amiga, e a orelha de gente coçou bastante. Tomei um porre, dancei forró até o pé doer, tomei cana pura, reencontrei velhos amigos, fiz novos.
Gargalhei até a barriga doer e a lágrima descer, fiz as pessoas gargalharem, aprendi novas gírias, tagarelei tagarelei tagarelei , porque ficar em silencio por mais de 10 horas tem que dar um desconto.
Me olhei no espelho, nua, e comecei a prestar atenção em detalhes que eu já havia esquecido, não tem coisa mais prazerosa do que desejar a si mesmo num espelho, joguei meu remédio da depressão no lixo, e consegui dormir tranqüila sem ele. A ansiedade não me consome mais, levei uma patada pelo telefone e comecei a rir, não chorei, não fiquei mal.
Caminhei na praia, enfiei o pé na areia, tomei banho de mar, comi fruta direto do pé, dei cambalhota na piscina, plantei bananeira, fiz alongamento e hidroginástica sozinha. Ri de mim mesma e me amei mais que nunca.
Passei por situações irônicas que me fizeram enxergar o mal que eu estava fazendo a algumas pessoas. As vezes viver o outro lado da moeda facilita bastante. Percebi que destruir e reconstruir é melhor que reformar.
Conheci um canalha que me jogou cantadas baratas e eu percebi que estava me sentindo bonita de novo, e isso contagia e atrai as pessoas.
Mas o melhor de tudo foi que eu reencontrei o grande amor da minha vida, há tempos que o tinha perdido, e estou completa de novo, amando e querendo bem, e agora ninguém tira o meu amor de mim, o meu amor próprio.


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Beijos e Boa leitura!

Contos, casos e acasos de Fernanda #1

sábado, 4 de junho de 2011




Fernanda voltava para casa daquilo que havia sido, de longe, a pior noite da sua vida. os carros, as pessoas e todos os barulhos cotidianos da cidade eram coadjuvantes dos seus berros ensurdecedores.
Aquela noite lhe doera mais que qualquer surra que tivera levado na vida, "palavra as vezes é pior que faca".
Não se sabe ao certo como Fernanda conseguiu chegar em casa com seus olhos inchados, seu corpo dolorido, seu carro velho e sua alma devastada. Mas ela chegou, e lá estava Davi, como sempre.
Davi era seu melhor amigo, seu irmão, suas pernas, seus braços. Moram juntos desde que perceberam que nessa vida de tropeços eternos, somente tinham um ao outro.
Davi não falou nada, pegou-a pelos braços, abriu a porta, levou-a até o chuveiro e saiu. Ele sabia que ela precisava de um banho, ela parecia suja, e não só por fora.
Fernanda se despiu com dificuldade, seu corpo tremia, a água era tão gelada que parecia perfurar seu corpo, mas ela estava tão dolorida, entorpecida e machucada que nem sequer notou, deixou a água escorrer sozinha tirando o cheiro daquele suor pútrido que exalava dos seus poros.
De volta para a sala, vestida com as roupas de Davi, pois as suas estavam todas sujas, ele serviu-lhe um copo de água da torneira, uma garrafa de um bom uísque, pegou seu violão e, ainda sem dizer uma palavra, começou a dedilhar um blues cortante.
Fernanda tomava a água e o uísque como se não houvesse diferença entre eles, observava a fumaça do seu cigarro, calada, o blues parecia acompanhar o ritmo dos seus soluços.
Ela parou na varanda, talvez um salto dali fosse menos doloroso, eles moravam num décimo quinto andar, ela pegou seu telefone, que não tocou sequer uma vez, e o jogou ali de cima, desejando que pelo menos uma parte dela estivesse nele, sendo espatifada no chão.
Davi permanecia ali, com seu blues, sem perguntar nada, e isso era tudo que ela queria, estava tão envergonhada que não teria coragem de contar nada, nem mesmo pra ele. Ela olhava seus dedos pelas cordas do violão, aquilo foi lhe trazendo uma falsa sensação de alivio. Tomou um longo gole do uísque e sua cabeça começou a se acalmar, o pranto foi se esvaindo e a dor amenizando.
- Eu não tenho forcas, eu não consigo ter forcas. Ela disse suas primeiras palavras da noite.
- Tem sim, basta ter. Davi retrucou como sempre sábio.
Davi sempre tinha razão em relação a tudo, isso irritava as vezes, mas ele jamais julgara Fernanda pelos seus erros.
Aquelas quatro palavras, diante de tantas outras humilhantes e fétidas que escutara naquela noite, foram suficientes para acalmá-la.
O sono veio, em companhia da tontura do uísque 12 anos, ela se deitou, Davi deitou-se ao seu lado, nunca houve uma gota de tensão sexual entre eles. Ela o abraçou enquanto sentia suas ultimas lagrimas caírem pelo seu rosto no peito de Davi.
- Obrigada pelo silencio.
Davi beijou-a na testa e dormiu. Fernanda encostou a cabeça em seu peito e fechou os olhos em seu primeiro momento de paz.
quando acordou, Davi já havia saído para o trabalho, Fernanda fez seu café forte e amargo, foi se olhar no espelho, seus olhos muito inchados, seu rosto um pouco marcado, seu corpo dolorido, as memórias da noite anterior assombrando sua cabeça, e ela não chorou, ela teve forcas, afinal bastava ter.
Pegou seu caderno e sua caneta, sorriu. A melhor parte de escrever uma historia e que ela pode nunca ter acontecido, e nunca aconteceu.


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Beijos e boa leitura

Sobre uma saudade

terça-feira, 31 de maio de 2011




Arrume sua casa, mas não se preocupe com seu quarto, esse eu quero bagunçado.
Prepare as cervejas, varra a rua augusta, limpe o cinzeiro, que eu tô chegando.
Quando eu chegar, dispense as palavras, meu corpo é seu verso e minha alma suas rimas.
Porque nos completamos na essência de nossas estrofes.
Meu desejo se perde no meio de seus poemas.
Meu amor se confunde nas letras de suas musicas.
E eu quero estar nos seus lençóis amassados, rabiscando palavras enquanto você me troca pelo seu violão, ou pelo seu futebol.
Porque saudade de algo que nunca aconteceu é um tormento, memórias forjadas são ludibriantes.
Arrume sua casa, e não se preocupe com seu quarto, meu amor é sujo e deselegante.
Indecente, entorpecente. Eu to chegando.




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Beijos e boa leitura.

Carta ao Desamor VI

terça-feira, 17 de maio de 2011


Não te culpo pelos meus erros, passei um bom tempo sofrendo conseqüências por deslizes que não foram meus.
Também não te culpo pelos meus devaneios, pelas minhas conversas insanas e meu comportamento pueril.
Não te culpo pela minha incoerência, pelas minhas manias, pelas minhas esperanças e utopias.
Também não te culpo pelas minhas lagrimas, pelas minhas crises nem pelas minhas dores.
Não te culpo pelos meus planos, meus enganos, meu jeito maluco de tratá-lo.
Pela primeira vez eu sinto que pago por erros meramente meus, por querer demais, por amar, por tratá-lo como se meu sentimento não existisse.
Mas você tem culpa, a culpa é sua de ser tão lindo e despertar meu desejo de longe.
A culpa é sua por ter se mostrado doce quando o mundo te fazia amargo, por ter me olhado nos olhos e me puxado pra dentro de suas paredes, por ter construído mais paredes pra ainda assim eu ficar de fora.
A culpa é sua de ter a voz e o abraço que me acalmam sem motivo aparente, por você ter se tornado uma parte de mim, minha parte favorita.
Inteira e completa culpa sua por fazer meu corpo ferver de uma maneira que é só sua, por despertar em mim minhas fantasias mais sujas, por bagunças meus instintos, fazer de meus sentidos um turbilhão.
A culpa é sua por me fazer ver perfeição em cada imperfeição sua, por ter me permitido cair de uma altura tão grande.
A culpa é sua por me compartilhar segredos, me contar seus medos e me fazer brinquedo, se enroscar no meu corpo sem pudor nenhum, por me mostrar uma intimidade que eu jamais vivi com ninguém.
Mas a culpa é minha por não ter noção de tempo, por exagerar sozinha, e pensar que eu era mais que um simples qualquer.
A culpa é só minha, por não perceber seus atos, ignorar seus fatos, por querer ser sua, talvez por eu ser uma louca dissimulada, talvez por amor, talvez por nada.
A culpa é minha, por não saber meu lugar lá no cantinho, não saber te poupar dos carinhos, não brincar com você como os outros.
A culpa é minha por te querer por perto pra sempre, te deitar no meu ombro e te confortar de todos os tropeços da vida, essa culpa ninguém me tira. Eu te quero comigo pra sempre, sem fantasias, sem mascaras, sem paixão. A culpa é minha por ir embora, eu preciso ir embora.
A paixão, meu bem, é possessiva, o amor é incondicional e ele venceu. Então eu te deixo com as lembranças do pouco que fomos, demais pra mim.
E quando você estiver aflito, abra esta carta e lembre-se que um dia alguém te amou tanto, gratuitamente, ao ponto de partir para poder caminhar com você no futuro.
Sem delongas, sem beijo de despedida, amigos.

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E Guilherme Arantes vai me ajudar... rsrs


Beijos e Boa leitura.

Capítulo Um

quarta-feira, 4 de maio de 2011


CENA PRIMEIRA

Era um dia comum, talvez para todas as outras pessoas na roda de amigos, o mais tímido de todos arranhava um blues no violão faltando uma corda, os outros papeavam aleatoriamente quase que ignorando as batidas do violão quebrado, os copos estavam sempre cheios e sempre vazios. O grupo de amigos se divertia naquela sexta tediosa com cheiro de chuva, alguns petiscavam pedaços do churrasco feito na brasa úmida, outros contavam historias, uns se conheciam há décadas, outros há alguns minutos, mas todos naquela roda sorriam como se a vida existisse sem tropeços. Todos menos ela. Seu corpo estava ali presente, ela vestia seu sorriso de normalidade, mas sua cabeça estava longe, já não bastasse ser dona da mente mais inquieta do universo, agora ela rodava a mil, tropeçando em milhões de micro pensamentos jogados num oceano de duvidas e insegurança, sim, essa era sua cabeça naquela noite. Enquanto tentava se concentrar nas futilidades faladas pelos amigos, seu coração apertava de doer todas as vezes que seu pensamento passava por ele. Mas ela estava ali por isso, para evitar que seu pensamento passasse por ele em intervalos de tempo. Ela não queria mais pensar nele, e isso a consumia deveras. Embora consciente de não possuir forças para deixá-lo de lado, ela construía pouco a pouco sua saída daquela prisão, que ela mesma construiu.
Ela olhou pra ele, mas não o viu, um garoto qualquer, não era bonito nos padrões sociais, o sotaque diferente chamou atenção, a piada genial solta em segundos com maestria, ela o notou. Os olhos pequenos e puxadinhos, o nariz grande, o sorriso tímido. Em poucos minutos de conversa ela estava impressionada com tamanha criatividade, maturidade e tranqüilidade daquele garoto.
O amigo mais sábio que prestava atenção na conversa, parou o blues frustrado, largou o violão que faltava uma corda e lhe disse “realmente existem pessoas interessantes no mundo, cabe a você dar-lhes uma chance”. Ela ouviu, não por ele ser sábio, nem porque o blues acalmava seus ouvidos, mas enquanto aquele garoto falava, seu pensamento se concentrava ali e somente ali. A sensação de desespero amenizou, a conversa durou pouco. E ela o notou.


CENA SEGUNDA


“Pessoas interessantes não se encontra em qualquer esquina”, ela falou enquanto comentavam do filme aterrorizante que assistiram enroscados no cinema, o garoto sentando no banco do passageiro sorriu, segurou sua mão e repetiu a mesma frase. Tão novo, tão cavalheiro, tão diferente daqueles tantos comuns patéticos que ela estava acostumada, fascinante. Voltou para casa sozinha, no meio do caminho sentou pra tomar uma cerveja com seu amigo mais sábio, a cerveja tinha um gosto de alivio, e ela prestou atenção. “Pessoas grandes, são reconhecidas de imediato, são notadas de longe, pessoas pequenas e vazias são aquelas que temos que nos esforçar para procurar qualidades”, ele disse, como quem já soubesse tudo que ia acontecer. Ela volta para casa, a cabeça tranqüila, o sabor da liberdade que ela tanto ama. A deliciosa sensação de olhar pra trás e rir de si mesma.



"I'm surprised that you've never been told before, that you're lovely."

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Beijos e boa leitura

[espero que esse texto passe seu tempo enquanto vc espera o ônibus]

Sobre o ato falho

domingo, 24 de abril de 2011



Ela que por tantos anos resistiu, lutou contra esse sentimento falho que sentia por ele, ignorou todas as formas de aproximação que ele tentasse, enfraqueceu. Ela cedeu ao seu encontro, com toda a certeza que isso não a afetaria em nada, com plena convicção que aquele cheiro perfeito e aquela voz esquisita não mais trairiam seus sentidos.
E ela falhou, no primeiro segundo em que ele parou em sua frente, ela falhou, por todos esses anos ela se manteve forte, e fracassou. O sorriso estonteante que se formou na boca dele, fez suas pernas desmontarem, o abraço, o corpo, o cheiro, aquele cheiro, aquele corpo, aquele abraço. Ela falhou.
Falhou não apenas por não conseguir proferir metade das palavras do discurso muito bem ensaiado por horas, nem por não ser capaz de olhá-lo nos olhos sem entrar em prantos. Ela falhou completamente, com corpo e alma, traiu a si mesma, quebrou suas próprias regras e se entregou.
O cheiro de cigarro misturado com o perfume que ele não mudou até hoje se transformaram em um turbilhão nostálgico de sentimentos, o beijo que ela lutou tanto pra resistir arrepiava seu corpo de cima abaixo, o corpo não era mais tão familiar, mas ela ainda sabia passear nele com maestria. Os cabelos dele que eram quase grandes, agora são curtos, mas ela não pensava mais nisso. Suas lembranças foram invadidas por uma dose cavalar de realidade, e ele estava ali. Como se seus corpos nunca estivessem se separado, nem por um minuto. Como se essa lacuna de anos nunca tivesse existido. Como se o tempo voltasse, como se ele falasse verdades.
Ela não engoliu suas palavras, não aceitou suas desculpas, nem acreditou em suas meias mentiras. Ela não é mais a menina que ele conheceu, e ele não é mais o homem por quem ela se apaixonou. Ela não sabe explicar o que aconteceu com seus propósitos, onde foi parar sua força, e porque aquela sensação nostálgica e a segurança que ele passava, agora pareciam fazer sentido. Ela falhou.
Ela chorou, como há anos não fazia, e ele sugou todos os seus segredos mais profundos. Como se com um abraço ele pudesse protegê-la de tudo o que fizesse mal. Segurança, ele sabia que essa era a chave para segura-la. Deixá-la insegura era como brincar com fogo. E em meio as suas muitas juras de amor eterno, promessas mal ditas e lençóis bagunçados, ela se sentiu segura. Ela falhou.
Ela falhou da forma mais visceral, falhou como nunca havia falhado na vida, talvez pela herança que tamanha intimidade tenha deixado para os dois. Talvez porque um sentimento tão intenso não deva ser deixado de lado, ou talvez por ter sido apenas uma falha que ela não esteja acostumada. Eles ainda completavam frases um do outro, ainda brincavam e zombavam de suas próprias desgraças. Ainda se encaixavam em seus carinhos.
Ela agora teria toda a segurança que lhe falta nos seus outros homens. Agora ela teria todo o amor do mundo, do homem que ela amou durante anos, e ela fez planos em minutos, tudo fazia sentido, e ela voltaria atrás, e caminharia ao lado dele, e tudo seria diferente, tudo seria pleno, gostoso, verdadeiro. E ela enxergou seu futuro, e desenhou seu caminho. Deu um beijo de despedida, com todo o seu coração. Entrou em casa e, como um lapso brutal de realidade, resolveu desistir de tudo, mesmo. Mandar o resto do mundo pra o quinto dos infernos. Sem o amor seguro, sem o falso amor que a deixa insegura. E assim ela fechou sua noite, falhando novamente.

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Beijos e boa leitura.

Carta ao Desamor V

sábado, 9 de abril de 2011

Eu demorei 20 anos para te encontrar, e foi preciso cinco dias para eu me apaixonar por você. Para eu sentir aquilo que nunca havia sentido por ninguém.
Eu demorei um ano para te perder, por culpa minha ou sua, ou foi uma historia sem culpados e tudo aconteceu como deveria. Senti a dor mais profunda que pude imaginar, porem sorri plenamente. Você me proporcionou a felicidade em seu modo mais absurdo, e me mostrou o fundo do poço, do qual jamais imaginei que fosse sair.
E agora depois desses anos todos, o seu cheiro no meu travesseiro não mais me incomoda, o retrato em minha cômoda não me causa calafrios, embora eu não tenha alma para tirá-lo dali. Agora você não atormenta mais meus sonhos, você é distante, uma lembrança evaporada. Uma memória de algo que eu fui e nunca mais vou conseguir ser. Eu te amei da maneira mais visceral e complexa do mundo. E hoje eu consigo conviver saudavelmente com essa sensação.
Mas você insiste em voltar, de meses em meses, você resolve voltar pra minha vida, com suas palavras bem elaboradas, seu cheiro de cigarro misturado com o da sua pele que me dá água na boca, com esse olhar misterioso e profundo de quem consegue me despir sem me tocar.
Mas você insiste em me querer, insiste em me amar, mesmo sabendo que meu amor é volátil, mesmo sabendo que ele é seu e eu nunca mais vou entregar pra você. Não é sua culpa não ter acreditado nas minhas palavras, não ter acreditado que eu ia virar as costas para sempre, tanto que eu te pedi, tanto que eu te avisei...
E logo você, que me conhece mais do que qualquer um no mundo, que durante todo esse tempo riu dos meu outros falsos amores enquanto eu deitava em seu peito e você brincava com meus quadris. Agora você me vê de longe e se sente ameaçado por me ver em outros braços, me vem com suas lamentações ridículas descrevendo o modo como estou sorrindo, olhando ou beijando esse outro falso amor.
E em resposta a suas perguntas: não, não são os mesmos beijos seus, não é o mesmo sorriso que eu dava para você, não é o mesmo olhar. Quando se lê um livro pela segunda vez, a leitura é diferente. É mais elaborada e eu não quero cometer os mesmo erros que cometemos. Você me amou demais, e por eu sempre te deixar tão solto e livre, você me prendeu numa gaiola.
E você insiste em me amar até hoje, logo você que sempre teve todas as mulheres aos seus pés. E eu te amo, como sempre te amei, aqui de longe, te amo ao ponto de não querer te ver, nem te tocar, te amo ao ponto de querer te ver sorrindo enroscado nas pernas da sua amada.
Portanto não importa o quanto você me ame, não importa o quanto você se arrependa, e muito menos o quanto você tem pra me dizer. Eu não quero escutar, não quero saber, não quero você na minha vida. Porque eu não teria alma para te perder duas vezes.

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Beijos e Boa Leitura

(Des)Casual

domingo, 20 de março de 2011
E agora quando ele para, seus olhos brilham ainda mais, seu corpo ferve, sua boca saliva e seus sentidos padecem. Ela não olha mais de longe, ela o olha nos olhos, e o cheiro que outrora não passava de um mero relance, agora aguça suas narinas com o suor sem pudor que exala do corpo dele.
Ela que antes possuía os homens sob a palma das mãos, e todas as situações sob controle, agora é um turbilhão de sentimentos, um caos de sensações malucas que confundem sua cabeça, tiram seu sono e perturbam ainda mais sua mente inquieta. Ela não sabe lidar com sentimentos e sua sede por liberdade ainda grita mais forte. Ela se apaixonou completamente pelo cheiro, pelo gosto, pelo corpo e pelo seu olhar. Porem continua sem desejar mãos dadas ou aquele velho sorvete no domingo. Agora eles compartilham segredos pequenos, seus corpos possuem uma química absurda e uma sintonia surreal, ela se deita em seu peito, sem que a deixe desconfortável, brinca com seus cabelos de uma forma assustadoramente natural, e o beija com toda a sinceridade.
E agora ela se pega sorrindo sozinha, e seus outros amores perderam o gosto, ela passeia por eles ainda, pois seu coração é leviano e sua cabeça pira quando pensa em compartilhar carinhos. E eles a amam com toda a força de um ser, e os cortejos parecem cada dia mais enfadonhos, ela não ama nenhum deles, não quer nenhum deles, nem mesmo esse garoto que a faz sentir.
Ela agora quer usar seu corpo, mas olhando em seus olhos. Se afogar em suas palavras tortas perdidas no emaranhado dos lençóis de um quarto qualquer, colocar pra fora toda essa paixão bruta que sente. E então fumar outro cigarro, juntar suas roupas do chão e voltar pra casa. Com beijo de despedida, com abraço apertado, ainda sem delongas e sozinha.


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Beijos e boa leitura.

Hoje é dia de festa!

terça-feira, 15 de março de 2011
O blog hoje é seu, não pelo fato de você acompanhar esse blog desde o começo. Nem muito menos por você ser uma das pessoas mais importantes na minha vida.
O blog hoje é seu, porque hoje é seu dia, e a cada ano que passa você me encanta mais e mais, pela compreensão imensurável que você tem comigo, pelas longas conversas virtuais, segredos compartilhados, risadas deliciosas. Uma vez eu disse que você era uma das pessoas mais lindas que eu conheci, e reafirmo que não são seus olhos verdes, seu rosto afilado ou seu sorriso sincero e farto. Sua beleza transcende todas essas particularidades físicas, você é lindo por ser verdadeiro, por ser intenso, amável, puro. É impossível não me encantar, não me apaixonar pela sua pessoa, falo aqui de paixão, com afinco e tendo a certeza de não ser mal interpretada. Porque nossa amizade é assim, esquisita como nós dois.
Palavras se tornam bobas, e dizer que eu amo você se torna eufemismo. Esse teu jeito autista combina com o meu, e nossas opiniões sempre são parecidas, eu admiro sua calma, tenho inveja do quão determinado você é com as coisas ao seu redor, adoro quando você para tudo que ta fazendo pra escutar minhas historias mirabolantes, e como você sempre me apóia nas minhas eternas duvidas dessa minha cabeça caótica.
O blog hoje é seu, porque já rabisquei um dos meus melhores versos pra você, porque desde o primeiro dia que nos conhecemos, conversamos por horas como se fossemos amigos de longas datas. E hoje não queria te parabenizar pelo seu aniversario, seus 25 anos, dos quais estou presente em apenas pouco mais de dois, mas que foram suficientes pra me provar que sua amizade é uma das coisas que mais me acalma naqueles meus momentos de caos, que são muitos. Você sempre tem a palavra certa, mesmo que não dita, quando eu te falo das minhas angustias, das minhas paixões repentinas, das minhas confusões, ou quando não falo nada, o gesto de ternura, e o olhar de carinho me acalmam. Duas pessoas esquisitas não teriam como não se dar tão bem.
O blog hoje é seu, aproveita seu dia Luiz. Que eu quero comemorá-lo com você por muito mais anos a frente. Não te desejo os clichês da vida, não comprei presente pra você, e nem sei se vou vê-lo hoje, mas isso aqui é de coração.
TE AMO MEU AMIGO LINDO.

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BEIJOS e boa leitura.

Casual II

domingo, 27 de fevereiro de 2011


Quando ele passa seus olhos brilham e sua boca saliva. Ela o deseja deveras, tanto que sente seu corpo formigar ao olhá-lo de longe. Ela o deseja cru, suado, rastejado, sujo. Deseja a boca que nunca provou e o cheiro que sentiu por alguns segundos, deseja estar sobre aquele corpo que nunca tocou. Ele faz seu instinto ferver, há muito tempo ela não sentia essa atração animalesca por alguém. Mas ela não quer mãos dadas, nem sorvete no domingo, não quer dividir suas dores nem contar dos seus amores. Ela não quer compartilhar segredos, nem mensagens de bom dia. Ela quer usar seu corpo, violar seus sentidos, se afogar em seu suor, prende-lo entre suas pernas até o sol nascer, fumar um cigarro, juntar suas roupas do chão e voltar pra casa, sem beijo de despedida, sem abraço apertado, sem delongas, sozinha.



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Beijos e boa leitura 

Carta ao Desamor IV

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Não aceito suas desculpas, não aceito o modo como me deixou aqui, ao ver navios. Não faço uso do meu conformismo habitual, pois sua partida me causou um vão. Não me interessa o quão nobre sejam seus motivos, se meu corpo padeceu a sua espera. Se a saudade é um verso fraco, uma rima qualquer, uma lembrança de um cheiro que nunca senti ou o gosto de uma boca que nunca provei.
Me irrita sua dialética, sua retórica e esse seu cigarro que não divides comigo. Machucam minhas memórias forjadas, nossos cafés amargos, lençóis emaranhados, nossas noites ébrias, cadernos rabiscados jogados no chão junto com nossas roupas, minha saudade é uma complexa criação de memórias de algo que nunca aconteceu.
Pouco me importa sua arrogância, foi por ela que rabisquei tantos versos bobos, foi pela sua cara feia que me encantei e sua voz serena me iludiu. Minha covardia me engana, minhas mentiras correm nas veias, e dizer que sou apaixonada por você seria um mero eufemismo. Porque minha saudade é o amor que se encontra na mistura dos nossos sambas.
Meu corpo está no seu poema, minhas rimas martelam sua cabeça, meu coração é sujo e você não o merece, meu gosto queima no seu cigarro e minha frustração é não poder te pagar uma cerveja na Rua Augusta ao som de um bolero qualquer.

Beijos e Boa Leitura

Cansada

terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Ela anda cansada de ser inerte, grita e discute com seus demônios. Sente vergonha de falar sobre o amor, enquanto se sente suja em seus lençóis amassados.
Ela está cansada de seus homens idiotas que um a um ela foi passando pra trás. Ela não agüenta mais repeli-los, enquanto eles se aproveitam de seu corpo exausto. Ela se deita e se despe enquanto sente nos olhos alheios luxuria, ela deseja companhia, enquanto eles puxam seu cabelo e lhe cravam os dentes,  ela quer carinho. Em meio a palavras sujas que são cuspidas ao léu, ela deseja rimas perfeitas. E sob um refrão de um bolero qualquer ela rabisca seu samba de uma nota só.
Ela fantasia fazendo amor sob as estrelas enquanto cata suas roupas do chão do motel barato, sente o gosto de pão fresco com geléia quando traga seu cigarro culpado.
Ela tem amor, em demasia tamanha que transborda, ela tem vida, fez planos, tem sonhos. Entre tantas bocas e línguas, ela quer mãos dadas, vestida com suas roupas perfeitas, ela quer um par de meias velhas para seus pés calejados.
Ela tem amor, ela é amor, e é no amor que seus goles saciam, seus tragos acalmas e sua cabeça relaxa. Tanto amor que fervilha, queima e rasga por dentro.
Ela esta tão cansada de ser inerte que a dor já não parece absurdo, ela quer sentir, quer sucumbir ao mais complexo conjunto de sentimentos.
Quer seu coração tomado, ou partido, isso não mais importa. Sorriso ou pranto, desespero ou acalanto, ela cansou de ser inerte.



P.S.: Desculpem a ausencia, eu tenho mais de 80 textos inacabados, pois me falta alguma coisa pra terminar. Enfim, respondi todos os emails. Amei de verdade o carinho. Beijos e Boa Leitura.
 
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