Carta ao Desamor IV

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Não aceito suas desculpas, não aceito o modo como me deixou aqui, ao ver navios. Não faço uso do meu conformismo habitual, pois sua partida me causou um vão. Não me interessa o quão nobre sejam seus motivos, se meu corpo padeceu a sua espera. Se a saudade é um verso fraco, uma rima qualquer, uma lembrança de um cheiro que nunca senti ou o gosto de uma boca que nunca provei.
Me irrita sua dialética, sua retórica e esse seu cigarro que não divides comigo. Machucam minhas memórias forjadas, nossos cafés amargos, lençóis emaranhados, nossas noites ébrias, cadernos rabiscados jogados no chão junto com nossas roupas, minha saudade é uma complexa criação de memórias de algo que nunca aconteceu.
Pouco me importa sua arrogância, foi por ela que rabisquei tantos versos bobos, foi pela sua cara feia que me encantei e sua voz serena me iludiu. Minha covardia me engana, minhas mentiras correm nas veias, e dizer que sou apaixonada por você seria um mero eufemismo. Porque minha saudade é o amor que se encontra na mistura dos nossos sambas.
Meu corpo está no seu poema, minhas rimas martelam sua cabeça, meu coração é sujo e você não o merece, meu gosto queima no seu cigarro e minha frustração é não poder te pagar uma cerveja na Rua Augusta ao som de um bolero qualquer.

Beijos e Boa Leitura

Cansada

terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Ela anda cansada de ser inerte, grita e discute com seus demônios. Sente vergonha de falar sobre o amor, enquanto se sente suja em seus lençóis amassados.
Ela está cansada de seus homens idiotas que um a um ela foi passando pra trás. Ela não agüenta mais repeli-los, enquanto eles se aproveitam de seu corpo exausto. Ela se deita e se despe enquanto sente nos olhos alheios luxuria, ela deseja companhia, enquanto eles puxam seu cabelo e lhe cravam os dentes,  ela quer carinho. Em meio a palavras sujas que são cuspidas ao léu, ela deseja rimas perfeitas. E sob um refrão de um bolero qualquer ela rabisca seu samba de uma nota só.
Ela fantasia fazendo amor sob as estrelas enquanto cata suas roupas do chão do motel barato, sente o gosto de pão fresco com geléia quando traga seu cigarro culpado.
Ela tem amor, em demasia tamanha que transborda, ela tem vida, fez planos, tem sonhos. Entre tantas bocas e línguas, ela quer mãos dadas, vestida com suas roupas perfeitas, ela quer um par de meias velhas para seus pés calejados.
Ela tem amor, ela é amor, e é no amor que seus goles saciam, seus tragos acalmas e sua cabeça relaxa. Tanto amor que fervilha, queima e rasga por dentro.
Ela esta tão cansada de ser inerte que a dor já não parece absurdo, ela quer sentir, quer sucumbir ao mais complexo conjunto de sentimentos.
Quer seu coração tomado, ou partido, isso não mais importa. Sorriso ou pranto, desespero ou acalanto, ela cansou de ser inerte.



P.S.: Desculpem a ausencia, eu tenho mais de 80 textos inacabados, pois me falta alguma coisa pra terminar. Enfim, respondi todos os emails. Amei de verdade o carinho. Beijos e Boa Leitura.
 
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