Carta ao Desamor V

sábado, 9 de abril de 2011

Eu demorei 20 anos para te encontrar, e foi preciso cinco dias para eu me apaixonar por você. Para eu sentir aquilo que nunca havia sentido por ninguém.
Eu demorei um ano para te perder, por culpa minha ou sua, ou foi uma historia sem culpados e tudo aconteceu como deveria. Senti a dor mais profunda que pude imaginar, porem sorri plenamente. Você me proporcionou a felicidade em seu modo mais absurdo, e me mostrou o fundo do poço, do qual jamais imaginei que fosse sair.
E agora depois desses anos todos, o seu cheiro no meu travesseiro não mais me incomoda, o retrato em minha cômoda não me causa calafrios, embora eu não tenha alma para tirá-lo dali. Agora você não atormenta mais meus sonhos, você é distante, uma lembrança evaporada. Uma memória de algo que eu fui e nunca mais vou conseguir ser. Eu te amei da maneira mais visceral e complexa do mundo. E hoje eu consigo conviver saudavelmente com essa sensação.
Mas você insiste em voltar, de meses em meses, você resolve voltar pra minha vida, com suas palavras bem elaboradas, seu cheiro de cigarro misturado com o da sua pele que me dá água na boca, com esse olhar misterioso e profundo de quem consegue me despir sem me tocar.
Mas você insiste em me querer, insiste em me amar, mesmo sabendo que meu amor é volátil, mesmo sabendo que ele é seu e eu nunca mais vou entregar pra você. Não é sua culpa não ter acreditado nas minhas palavras, não ter acreditado que eu ia virar as costas para sempre, tanto que eu te pedi, tanto que eu te avisei...
E logo você, que me conhece mais do que qualquer um no mundo, que durante todo esse tempo riu dos meu outros falsos amores enquanto eu deitava em seu peito e você brincava com meus quadris. Agora você me vê de longe e se sente ameaçado por me ver em outros braços, me vem com suas lamentações ridículas descrevendo o modo como estou sorrindo, olhando ou beijando esse outro falso amor.
E em resposta a suas perguntas: não, não são os mesmos beijos seus, não é o mesmo sorriso que eu dava para você, não é o mesmo olhar. Quando se lê um livro pela segunda vez, a leitura é diferente. É mais elaborada e eu não quero cometer os mesmo erros que cometemos. Você me amou demais, e por eu sempre te deixar tão solto e livre, você me prendeu numa gaiola.
E você insiste em me amar até hoje, logo você que sempre teve todas as mulheres aos seus pés. E eu te amo, como sempre te amei, aqui de longe, te amo ao ponto de não querer te ver, nem te tocar, te amo ao ponto de querer te ver sorrindo enroscado nas pernas da sua amada.
Portanto não importa o quanto você me ame, não importa o quanto você se arrependa, e muito menos o quanto você tem pra me dizer. Eu não quero escutar, não quero saber, não quero você na minha vida. Porque eu não teria alma para te perder duas vezes.

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Beijos e Boa Leitura

5 Pessoas que não levaram choque ao comentar:

  1. Anônimo disse...:
    Este comentário foi removido por um administrador do blog.
  1. Deh disse...:

    Pra variar, eu sempre acho um pedacinho pra grifar e chamar de meu. :)

  1. Agora você não atormenta mais meus sonhos, você é distante, uma lembrança evaporada. Uma memória de algo que eu fui e nunca mais vou conseguir ser.


    Pq vc simplesmente arrasa!!!

  1. Marcela Ohana disse...:

    comentários agora são moderados e não anonimos devido a falta do que fazer de algumas pessoas.

  1. Caceres disse...:

    Tem uma música de Djavan com Caetano, que gosto bastante, que diz algo bem bacana: "se eu tivesse mais alma pra dar eu daria, isso pra mim é viver." O problema é que nos sobra tão pouco que não dá pra gastar o restinho com o que não vale a alma inteira.

 
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