Não aceito suas desculpas, não aceito o modo como me deixou aqui, ao ver navios. Não faço uso do meu conformismo habitual, pois sua partida me causou um vão. Não me interessa o quão nobre sejam seus motivos, se meu corpo padeceu a sua espera. Se a saudade é um verso fraco, uma rima qualquer, uma lembrança de um cheiro que nunca senti ou o gosto de uma boca que nunca provei.
Me irrita sua dialética, sua retórica e esse seu cigarro que não divides comigo. Machucam minhas memórias forjadas, nossos cafés amargos, lençóis emaranhados, nossas noites ébrias, cadernos rabiscados jogados no chão junto com nossas roupas, minha saudade é uma complexa criação de memórias de algo que nunca aconteceu.
Pouco me importa sua arrogância, foi por ela que rabisquei tantos versos bobos, foi pela sua cara feia que me encantei e sua voz serena me iludiu. Minha covardia me engana, minhas mentiras correm nas veias, e dizer que sou apaixonada por você seria um mero eufemismo. Porque minha saudade é o amor que se encontra na mistura dos nossos sambas.
Meu corpo está no seu poema, minhas rimas martelam sua cabeça, meu coração é sujo e você não o merece, meu gosto queima no seu cigarro e minha frustração é não poder te pagar uma cerveja na Rua Augusta ao som de um bolero qualquer.
Beijos e Boa Leitura
é o marcelo mayer de quem tanto tem raiva e amor?