Pra não dizer que nunca falei de amor...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“Era uma vez” é o começo perfeito para esse conto, primeiro pelo verbo estar no pretérito e segundo pelo “uma vez”, porque cada amor é único.


Era uma vez uma garota [bonita, inteligente, extrovertida, leviana, malandra], que conheceu um garoto [bonito, inteligente, extrovertido, leviano, malandro], quem me disser que não existe amor a primeira vista não sentiu o que eles sentiram naquela noite. Uma noite qualquer, numa festa qualquer, com amigos quaisquer, primavera, época de amores, de flores e de dores.

[Ele]

“Eu já tinha visto aquela garota dos olhos castanhos quase claros, seios fartos e voz rouca diversas vezes, mas nunca havia espaço para qualquer conversa, pelo seu tom desbocado e rude que sempre assustou os homens, mas ela estava ali, parada. Diferente de todas as mulheres da festa, ela estava sem um pingo de maquiagem, sem escova no cabelo, sem salto, da maneira mais natural que poderia ser, e ela era estonteante, não pelo padrão de beleza da sociedade, mas havia algo nela ali que me encantava... Observei-a por um tempo, pensando na cantada barata que eu ia jogar, pra tentar arrancar um sorriso daquela boca em formato de coração que ela tinha...”

[Ela]
“Não havia palavras para descrever o quanto eu não queria estar ali, naquela festa idiota, naquela noite idiota em que meu ex-namorado idiota havia me dispensado de vez, saí de casa com a primeira roupa que vi, sem maquiagem, sem salto, sem escova, não estava afim de qualquer contato físico com ninguém, pela insistência do meu irmão e dos meus amigos fui a festa, afinal eu era a dona do único carro disponível naquela noite, não tinha muita escolha. No meio da multidão, enquanto meu irmão e meus amigos se esbaldavam com todas as mulheres possíveis eu estava ali parada, putadavida, quando percebi aquele garoto me olhando de longe, não tão longe, mas o suficiente para eu perceber que ele estava para dar o bote a qualquer momento. Afinal depois de tantos anos colecionando homens e os observando, eu já sabia prever o que qualquer cara iria fazer para chegar até mim... O garoto não era bonito, cabelos lisos meio grandes e meio despenteados, os olhos marcantes, castanhos quase claros, cerveja na mão, e uma pose que eu nunca havia visto, era uma mistura de Charlie Harper com Jhonny Depp, sexy e arrogante, atraente e engraçado. E em segundos eu me vi paralisada. Por que cargas d’água eu estava analisando tantos detalhes de um cara que eu nunca vi na vida? De uma coisa eu tinha certeza, ele estava preparando uma boa cantada para quebrar o gelo, com esse ar de galanteador barato que ele tinha, não podia esperar menos. Me fiz de doida e esperei ele chegar...”

[Ele]
“Fui chegando perto, esperando que ela não notasse, mas creio que não houve jeito, ela já estava me olhando, quando cheguei perto o bastante para falar qualquer coisa, ela me virou a cara, minha única saída foi chamá-la para dançar, não que eu seja um péssimo dançarino, mas também não sou nenhum profissional. Enquanto enrolava a dança, a musica acabou e eu vi minha primeira brecha para a primeira piada: “o cantor disse que quando a musica terminasse, eu tinha direito a um cheiro no pescoço”... Enquanto eu me envergonhava da merda que falei, ela riu. Na hora eu soube que estava no papo, pelo menos pelos próximos 5 minutos eu pensei isso, foi quando ela mudou sua postura, foi como se eu me visse nela, uma mulher galanteadora barata igual a mim, assumiu o controle como nenhuma nunca havia feito. Perguntou-me se eu estava com alguém [eu que havia acabado de traçar uma morena no carro, meu cabelo ainda estava despenteado], na hora disse que não, e imediatamente ela me pegou pela mão me levou pra um lugar menos turbulento para podermos fumar um cigarro, e ela começou a jogar seu charme, mas não era um charme comum, era o mesmo charme que eu jogava nas mulheres, uma coisa muito atraente, foi como se eu tivesse sido enfeitiçado pelo meu próprio feitiço...”

[Ela]
“Quando eu o vi se aproximar, já sabia que ele iria vir com uma cantada barata, e meu humor não andava muito bom naquela noite, na hora por reflexo virei a cara, esperando que ele desviasse o caminho ou fosse cantar qualquer mulher ao meu lado. Mas não ele me chamou pra dançar, e eu pensei: porque não? Em meio aos passos desengonçados dele, a musica terminou e eu por um milagre do destino tive vontade de ficar com ele, na hora mudei de atitude e assumi o controle, pois não gosto de ser caçada, eu gosto é de caçar, assim que vi a carteira de cigarro no bolso dele, tirei ele do meio da multidão com a desculpa de fumar um cigarro, para podermos conversar melhor, e aí sim, comecei a ajeitar meu terreno para o MEU bote...”

Só posso contar em versões separadas até o primeiro beijo deles, que foi logo após essa conversa, pois depois disso, eles eram um só, 5 dias depois assumiram o namoro, relâmpago, que assustou a todos os amigos e familiares. Mas eles eram um, eram únicos, eram projetados um para o outro, tinham as mesmas manias, as mesmas qualidades e os mesmos defeitos, se encaixavam perfeitamente da forma mais visceral que existe. Eles completavam a frase um do outro, não precisavam falar para se comunicar, tinham uma linguagem corporal própria, que eles e somente eles entendiam, e não se desgrudavam. Duas almas tão inconstantes e levianas que foram feitas para se encontrar. Queridos seguidores desse blog, eles dois tinham até o mesmo passado, mesma quantidade de ex namorados(as), cada um que havia colecionado mais amantes e ficantes, e despedaçado corações com seus joguinhos de conquista, pois não havia ninguém no mundo que soubesse enganar, trapacear e mentir como eles dois, e o universo conspirou para que eles se encontrassem.

E foi o feitiço virando contra os dois feiticeiros, eles estavam completamente vulneráveis, sem jogos, sem mascaras, sem armaduras, a forma mais pura que o amor poderia assumir, eles se entregaram um ao outro inteiramente, de corpo e alma. Eram completamente apaixonados um pelo outro, e faziam inveja a qualquer casal que passasse na rua, pela cumplicidade, pelo carinho, pelo jeito que ele olhava pra ela e ela pra ele. E eram beijos perfeitos, sexo perfeito, gritos, cheiro, paixão, loucura, coisa de outro mundo, coisas que não se explica com palavras, era saudade que machucava cada minuto, era a felicidade no seu estado mais absoluto, eles preencheram com maestria os respectivos vazios que existia em cada um.

E o tempo foi passando e tudo virou um conflito de egos, e como toda boa historia de amor acaba em tragédia, essa não poderia ser diferente...

O garoto aprendeu que joguinhos apesar de serem legais, machucam. A garota aprendeu que nada dura para sempre, por mais mágico que seja. E agora no final do conto eu volto a falar sobre eles separados. Hoje em dia eles vivem a vida normalmente, com seus novos amores, com seus novos joguinhos, não posso afirmar que não se amam mais, mas eles vão viver assim, separados, e felizes para sempre.

Vocês devem estar achando uma merda o final de um conto de amor ser tão sem graça e tão rápido assim, sabe por que é assim? Porque ele é baseado em fatos reais. Na verdade um fato, mas real o suficiente para ser chamado de amor.


***

Beijos e boa leitura

3 Pessoas que não levaram choque ao comentar:

  1. As vezes o problema do amor de duas pessoas é que elas se amam demais. Me parece ser esse caso.

    Abraços.

  1. SAL disse...:

    q lindoooooooo sua história!

    eu acredito muito que, muitas vezes, a separação é um ato de amor!

    e não é por não estarem fisica e oficialmente juntos que não existe amor! o amor é mais que isso!

    bjo

  1. Allana disse...:

    Também acredito na possibilidade de separação ser prova de amor! Estou me identificando com você e virando tua fã! kkkkkk

 
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